Não precisa tanto pra eu me aborrecer. Alguns dias sozinho me fazem enjoar da minha cara. Infelizmente, a barba já se foi, os cabelos também. Não deu tempo de deixar uma costeleta, mesmo porque elas não me atraem mais. Bigode, pra quê? A barba se torna interessante durante alguns dias. Poucos dias. Depois, se torna uma coisa chata, sem graça, suja. Mesmo que você lave a barba, ela coça. E quando ela coça ela não pára mais.
Banho, só quando é necessário. Porque você toma banho pra ficar cheiroso. E você fica cheiroso para alguém. Quando esse alguém não está, não tem necessidade de banho. A tampa da privada só não fica pra cima o tempo todo porque a curvatura do vaso faz com que ela permaneça na horizontal.
Comer? Pra quê? Você belisca aqui, belisca ali. Mesmo não cozinhando, a pia sempre estará com os copos e pratos sujos dos lanches noturnos. Noturnos, sim. Porque dormir sozinho não tem mais graça. Você troca o dia pela noite sem cerimônia, até para ver a melhor programação da televisão brasileira: a madrugada da televisão. Quando passam os "piores" filmes, os "piores" programas. Os piores. Os piores para a grande massa de telespectadores. E já que eu não sou massa eu mastigo os enlatados na ante-sala da manhã seguinte.
Essa noite, porém, pretendo dormir cedo. Segunda-feira de trabalhador é pior do que domingo de sonhador. A gente acorda cedo, pra entrar mais cedo e quando chega no trabalho não mudaram o seu horário e você fica com cara de bosta, com hálito de bosta, com um rim de bosta e na hora do almoço o que você come? Bosta.
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