quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

"O povo contra as cotas"

Adaptei o texto de abertura de um tópico da comunidade Sátira Política, do Orkut.

UFSC e UFPR sofrem com ações na Justiça por conta das cotas sociais.

No Paraná, uma estudante, concorrente ao curso de Direito recebe o auxílio de uma tia que é advogada para passar por cima do edital do vestibular que determina 20% das vagas para alunos egressos da rede pública de ensino e 20% para afrodescendentes.

A decisão foi em primeira instância para uma seleção de 2005 em que ela "se sentiu prejudicada por concorrer a apenas 60% da vagas" e não passar.

Em Santa Catarina, outra ação, dessa vez por autoria do Sindicato das Escolas Particulares. A decisão, de cárater liminar, determina o fim das cotas para ingresso na universidade federal.

Comentário

No primeiro momento que sentei para ler a primeira matéria, divulgada dois dias atrás, eu me assombrei, levei na desportiva e na base da chacota. "Ô menina reclamona! Não deu conta de passar e agora vem chorar pitangas?!?!"

Quando li a segunda matéria, parti pra ignorância e tasquei um: "Os racistas do Sul. Terra do Borhausen. Terra dos conservadores do Paraná que teimam em derrubar o Requião."

Parei pra pensar melhor e diagnostiquei: a Justiça é burra. Onde já se viu colocar acima do direito coletivo o sonho privado de "status", de concorrência desleal econômica e social, em que um estudante de escola pública tem que pagar para estudar porque os mauricinhos e patricinhas da rede privada "devem" fazer faculdade em universidades públicas...

Sempre questionei a Universidade Federal de Goiás por manter quase que a totalidade de seus cursos de meio período em turnos matutino e vespertino. Isso levava sempre quem precisava trabalhar para se manter a lutar por bolsas nas faculdades privadas, porque são as únicas que oferecem cursos noturnos.

Como dizia um amigo meu: "Pobre é obrigado a ensinar. Os únicos cursos em que pobre tem vez são os de licenciatura."

O título do tópico foi uma ironia à chamada "classe dominante" e sádica que costuma dizer que o povo quer isso, quer aquilo, quando na verdade o "povo" dessa classe é outro povo, um povo desligado da sociedade, que só deseja saciar sua vontade de consumo e elevação de status social.

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