A configuração das cidades em centros comerciais e periferias residenciais é um dos problemas ainda não resolvidos nas metrópoles. Outro dia, lendo uma entrevista da vereadora paulistana Soninha Francine, acompanhei essa expressão que agreguei ao título do comentário: mobilidade urbana. Essa mobilidade só será possível com a definição de planos diretores para a ocupação urbana, planos diretores que não fiquem apenas na retórica ou reféns da especulação imobiliária que faz com que grandes espaços nos centros urbanos - ou imediações - fiquem vazios, à espera de lançamentos comerciais de incorporadoras e imobiliárias.
O fato de se criar uma infra-estrutura centralizada faz com que milhares de pessoas embarquem num único sentido no começo e ao final do dia. Esse erro de planejamento é o paraíso para empreiteiras e incorporadoras, pois a cada dia que passa os governos municipais resolvem alargar mais vias de acesso aos centros e, conseqüentemente, precisam desapropriar e indenizar os antigos proprietários. Anos atrás assisti a um programa sobre Barcelona, que mantinha um programa de ocupação dos espaços urbanos que permitia várias camadas da sociedade ocuparem o mesmo bairro. Não havia essa segregação que delimita os bairros como nobres e pobres.
Com a descentralização urbana e um transporte público eficiente, a qualidade de vida nas cidades acima de 1 milhão de habitantes seria notada, porque há pelo menos dois tipos de qualidade de vida: o de serviços e o de moradia. Grandes capitais possuem uma gama enorme de serviços, ninguém pode negar, porém a questão da moradia é definida como "só mora bem quem pode pagar mais". O tempo de deslocamento entre residência e trabalho, entre trabalho e faculdade e entre faculdade e residência faz com que as pessoas percam muitos momentos da vida para conviver, para refletir sobre o profissional e o pessoal.
Seria interessante que os administradores públicos começassem a entender o funcionamento das cidades a partir das pequenas coisas do dia-a-dia de seus habitantes, de seus eleitores. Obras faraônicas privilegiam muito poucos, se considerarmos a questão da eficiência, do custo benefício. Ainda acho que uma região como o centro de Belo Horizonte deveria cobrar pedágio dos veículos. Quem conhece BH sabe que você tem um transporte público acima da média, que interliga todas as regiões passando pelo centro da cidade. Do jeito que vai indo, duplicam uma avenida hoje para quadruplicar amanhã.
Nenhum comentário:
Postar um comentário