quinta-feira, 3 de julho de 2008

Argentina: o novo alvo

A manchete já se mostra suspeita: "CRISTINA CONTRA NÓS". Assim se inicia mais uma daquelas matérias recheadas de clichês e terrorismo midiático fomentado por órgãos de comunicação. Neste caso específico, a última revista Exame. Depois do título jornalisticamente incorreto, a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, é alvejada: "histérica, arrogante e prepotente" - claro, expressões "pinçadas" da chamada "população". Não vou repetir tudo o que foi escrito na edição, e que demorei a digerir, mas aponto o seguinte problema para a Argentina, ela ficou refém de ruralistas. Simplesmente, isso, visto que no decorrer da matéria toda a "crise argentina" se formou por conta dos bloqueios das estradas do país por uma categoria insatisfeita com a taxação de exportações de trigo. A crise "retratada" em quatro páginas repete infinitas vezes que toda a crise, todo o aumento de custos na Argentina, se deve aos ruralistas. O "caos nos suprimentos" fuciona da seguinte maneira: um grupo não permite que alimentos e outras mercadorias cheguem até o seu destino caso o Governo não volte atrás. Muito difícil comparar Kirchner com o chileno Allende, porém ambos afrontaram uma categoria muito barulhenta. O fim de Allende todo mundo conhece. As entrelinhas e os bastidores, também. O papel da imprensa, idem. Então, muito vergonhoso uma publicação como a Exame estampar uma matéria cafajeste como essa.

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