sábado, 13 de setembro de 2008

Os golpistas se escondem nas sombras dos jornais

A chamada pauta jornalística esconde muitos interesses. Interesses ou compromissos, os mesmos não são lançados à luz da liberdade de imprensa. Ficam escondidos em gavetas, longe dos olhos dos leitores. Tenho acompanhado o movimento norte-americano no continente que revirou a história política na última década. Desestabilizações promovidas na Venezuela, na Argentina e na Bolívia. Instalações militares implantadas em países governados por fantoches como Colômbia e Paraguai. Este último se libertou recentemente do jugo dos Estados Unidos, ao eleger Fernando Lugo. A Colômbia, no entanto, ainda é utilizada como base operacional dos EUA para agir na região como foi visto recentemente em ação realizada no Equador, em que exterminaram líderes das Forças Armadas Colombianas (FARC).

A estratégia norte-americana, tão utilizada nas décadas de 1960 e 1970 no Cone Sul, volta à tona em pleno período eleitoral que decidirá o sucessor de George W. Bush. Por meio de seus serviços consulares, o Governo dos EUA busca cooptar grupos políticos inserindo discórdia e patrocínio. Feito isso, é iniciado o aparelhamento de propaganda para salvaguardar o jogo de interesse, comprando espaços nos meios de comunicação. Outra ferramenta da caixa de maldades dos golpistas é o bloqueio do canais de transporte, forçando a falta de produtos alimentares. Essa artimanha gera insatisfação na população, que algumas vezes não vê a ingerência externa no assunto e culpa seus administradores de incompetência. Essa informação é ressoada em grande volume pelos meios de comunicação com o fim de levar o povo pra rua. A manipulação é claríssima.

Quando li numa publicação brasileira que a presidente Cristina Kirchner era incompetente por não conseguir conter os bloqueios promovidos por ruralistas na Argentina, percebi que o golpe estava se aproximando. O fato me fez lembrar uma leitura feita na década anterior, quando pus os olhos num exemplar de "O Carteiro e o Poeta", de António Skármeta. No Chile de Salvador Allende, o jornal El Mercúrio, patrocinado pela CIA, ajudou a desestabilizar o governo. A falta de alimentos nas cidades foi crucial para criar um clima de incompetência que foi sucedido pelo golpe final, assassinando o presidente Allende e instalando uma ditadura militar. No Brasil, João Goulart, e na Argentina, Arturo Frondizi, sofreram o mesmo tipo de golpe. O que se viu após foi a maior brutalidade já vista na região desde a invasão de espanhóis e portugueses no período dos "descobrimentos".

(Não deveria, mas continua...)

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