quarta-feira, 4 de março de 2009

Política: o retorno dos mortos-vivos

O dia teve duas notícias de impacto no mundo político profissional: 1) cassação do governador maranhense Jackson Lago (PDT); 2) Fernando Collor (PTB) foi eleito presidente da Comissão de Infraestrutura no Senado.

O primeiro caso ainda pode ser revertido no Supremo Tribunal Federal mediante julgamento de recurso à decisão do Tribunal Superior Eleitoral. No segundo caso, ou seja, na eleição realizada no Senado, só haveria reversão numa cassação do mandato do ex-presidente. Conforme se discute em vários fóruns, o PMDB da dupla José Sarney-Renan Calheiros tem se movido em várias direções para aumentar seu poder de barganha no meio político. Na cassação de Jackson Lago, a principal interessada é Roseana Sarney, filha do dono das capitanias do Maranhão e do Amapá. No Amapá, Sarney já obtivera êxito em outra cassação quando tirou o mandato do senador João Capiberibe (PSB) e o colocou na mão de Gilvam Borges (PMDB).

Após as denúncias do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), que acusou o partido de ser corrupto ao lutar por cargos nas várias esferas governamentais, Sarney explica que isso faz parte de uma campanha de dois partidos para diminuir a força do PMDB. Estes partidos seriam PSDB e PT. Este último é acusado de "prejudicar" o plano do PMDB de assumir o controle do fundo de previdência de Furnas, a Real Grandeza, que estaria sob o comando de indicados pelo Partido dos Trabalhadores. Como Sarney indicou Edson Lobão para o Ministério das Minas e Energia, este se acha no dever de conduzir os investimentos do fundo de previdência que pertence aos associados e trabalhadores de Furnas.

Fernando Collor, que ascendeu com a saída de cena do ex-ministro José Dirceu (PT), volta a mexer os pauzinhos na política brasileira após a temporada pós-impedimento. Condenado ao ostracismo, Collor retorna após uma providencial ajuda de dois companheiros das antigas: Renan Calheiros (PMDB) e Roberto Jefferson (PTB), o criador do factóide conhecido como mensalão. Dirceu fora um dos personagens principais na denúncia de Pedro Collor para derrubar Fernando Collor. De uma tacada, Roberto Jefferson derrubou Dirceu, articulador do Governo Lula, e iniciou o período de "escândalos" forjados no seio da oposição ao governo petista. Agora, com a ajuda de Calheiros, fiel escudeiro em seu mandato-relâmpago de Presidente da República, Collor é alçado a posição importante no Legislativo brasileiro.

Não há campanha contra o PMDB. O que vemos é um partido sem condições de se defender de suas próprias práticas políticas obtusas buscando privilégios em todas as estruturas do Governo, apelando até para reduzir o espectro da democracia no jogo político-eleitoral. Ou reformamos a política, ou essa política que está aí nos reforma. Não vamos deixar para as próximas gerações essa ambiguidade e essa descompostura chamada política profissional.

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