segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A direita volta à cena chilena com multimilionário na presidência

Sebastián Piñeda é eleito para mudar o Chile novamente. Para pior. Indo contra a maré do continente, os chilenos escolheram um multimilionário representante do campo conservador latino-americano como presidente do país. Imagino que o dedo dos falcões de Washington esteve apontado este tempo todo para o Chile, como demonstração de poder no tabuleiro geopolítico. Honduras caiu sob um golpe típico dos tempos passados. Barack Obama discursa e não diz nada. Não rompeu com os falcões, tornando sua administração incoerente. Hillary Clinton, a perdedora na escolha do candidato "democrata" à presidência dos EUA, apresenta um poder desproporcional e mantém, âmbito das relações exteriores, o mesmo discurso "republicano" da guerra contra o terror e da velha guerra contra os "comunistas", mesmo que os comunistas não exerçam o poder em nenhum país do continente americano. Agora, são dois países representando a direita na América Latina e um outro caminhando do centro para isso, caso a Argentina continue a apresentar o embate de grupos econômicos poderosos contra o governo de Cristina Kirchner.

A falta que um projeto socialista e sua implantação sem abrir concessões é o que traz à baila a direita rancorosa com suas ações destrutivas contra o Estado e a favor do mercado, o mesmo mercado que quebrou recentemente e que foi salvo à custa de muito dinheiro público e desemprego de trabalhadores. No Brasil, vivemos este ano novamente um plebiscito que os radicais esquerdistas costumam dizer que se trata de um plebiscito de uma corrente apenas. Porém, devemos entender que, por mais que o Partido dos Trabalhadores não aprofunde reformas essenciais como agrária, tributária e política, é melhor um governo com essa cara do que um retorno aos neoliberais do PSDB e do DEM (ex-ARENA, ex-PDS, ex-PFL). O que devemos estabelecer em 2010 é um compromisso e um aprofundamento das reformas sociais de modo a dar mais poder ao povo e democratizar os meios políticos e econômicos e, também, os meios de comunicação.

O PMDB, por exemplo, um partido clientelista, deveria ser defenestrado de qualquer aliança em um governo popular. Os métodos praticados pelo PMDB não são saudáveis em projetos de alcance nacional devido suas diversas cabeças regionais que agem de maneiras diferenciadas, de acordo com seus interesses locais, e de sua unidade conservadora de impedir mudanças no sentido de dar mais autonomia ao povo sem suas escolhas. A troca de favores e cargos impede a administração da máquina pública eficiente, visto que ministérios podem atuar no sentido contrário dos interesses do povo que elegeu o projeto nacional do PT. Enquanto o PT abre concessões a partidos como PMDB, outras legendas do campo da esquerda, as inseridas no governo e da oposição de esquerda, ficam marginalizadas e suas propostas de mudanças e aperfeiçoamento não são ao menos recebidas para análise e implantação. Entendo que tanto o PCdoB, quanto o PSB, possuem propostas mais interessantes ao povo do que as apresentadas pelo PMDB. Entendo também que PSOL, PSTU e PCO deveriam ter espaço oficial junto ao governo para criticar e oferecer auxílio em questões importantes da atuação popular e dos rumos econômicos e desenvolvimentistas. A divisão da esquerda não é saudável, principalmente quando a direita se une em seus projetos.

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