domingo, 5 de junho de 2011

Por que me desfiliei do Sindicato dos Bancários de BH e Região?

Há algum tempo estava insatisfeito com o trabalho do Sindicato dos Bancários de BH e Região. Porém, continuava filiado e transmitindo minhas opiniões aos colegas de trabalho, mesmo findo o meu mandato de delegado sindical. A ausência de vínculos com um mandato de delegado sindical me deu mais liberdade para questionar os dirigentes sindicais. A aproximação temporária a um partido político que tinha interesse em atuar dentro do sindicato fomentou novamente o meu interesse em trabalhar as questões sindicais. No entanto, nas últimas eleições do sindicato, me vi novamente numa situação crítica ao ver colegas de partido vinculados à chapa de oposição da CONTEC. Foi o fim da picada. Fazer oposição à CUT em parceria com a CONTEC é regredir politicamente e brincar com os bancários de Belo Horizonte. Não deu outra. A atual direção do Sindicato dos Bancários de BH e Região foi reeleita com quase 90% dos votos. O que esses 90% representam no universo de bancários dessa base sindical? Essa questão deveria ter sido avaliada pela oposição de esquerda antes de embarcar numa chapa conhecida no ambiente bancário como pelega. O trabalho sindical numa base como a de Belo Horizonte deveria avaliar os anseios dos trabalhadores. Muitos bancários se desfiliaram nos últimos anos em função das artimanhas políticas da CONTRAF/CUT, que iniciaram greves com reivindicações rebaixadas e que encerravam as greves a toques de caixa. Sem trocadilho, porque sempre deixavam os bancários da Caixa Econômica Federal na mão, sozinhos no final das greves, penalizados pela empresa. Muito se falou sobre os ganhos auferidos durante as últimas campanhas da CONTRAF/CUT. A marca dessa entidade é o chamado "aumento real", aumento acima da inflação, não importa se um dígito acima da inflação. Diante dos lucros dos bancos, esses "aumentos reais" da CONTRAF/CUT são fichinhas. Sobre as greves da CONTRAF/CUT: funciona assim, tiram assembléias conjuntas (bancos públicos e privados unidos) para determinar o início das paralisações; depois, sob ordem do Comando Nacional de Greve - entenda-se Sindicato dos Bancários de São Paulo e Osasco -, tiram-se as assembléias em separado (Banco do Brasil de um lado, Caixa de outro lado e bancos privados em outro lado) e acabam a greve no BB e nos bancos privados; na maioria das vezes, os bancários da Caixa ficaram sozinhos nas greves. Outra questão que preocupa o ambiente sindical dessa entidade tratada aqui: machismo. Quando o mundo do trabalho muda, inserindo mais e mais mulheres no ambiente de trabalho, o Sindicato dos Bancários de BH e Região ainda mantém uma maioria absurda de cargos destinados a homens. E a oposição derrotada traçou o mesmo caminho com uma chapa em sua maioria formada por homens. Finalizando este assunto, resolvi me retirar do sindicato por não me sentir representado em reivindicações profissionais e muito menos ideologicamente. Ainda me surpreendi aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo ao saber que o Sindicato dos Bancários de BH e Região não possui registro no Ministério do Trabalho. Se o possui, não está oficializado no sítio do Ministério. Dessa forma, como pode receber parte do imposto sindical e assinar acordos com as empresas? Estou me afastando do sindicato, mas não da política.

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