O espetáculo de dança contemporânea que propõe "um diálogo entre a dança e o esporte" foi brincadeira de criança. Uma estrutura de metal montada no palco do Palácio das Artes, em Belo Horizonte, serviu de playground, parquinho mesmo, no qual os sete bailarinos corriam, penduravam, pulavam. Cinco homens, duas mulheres - uma, nitidamente, abaixo do peso, e a outra, claramente, acima da peso. Os homens executavam movimentos mais complexos de malabarismo entre as barras e na parte superior da estrutura base. Às mulheres, movimentos mais simples em comparação aos dos homens.
A iluminação teve momentos altos e baixos, dos quais destaco positivamente o uso de sombras e negativamente os momentos em que transparências usadas como cortinas nas estruturas não permitiam a visualização correta dos bailarinos em movimentos por trás delas. O uso de vídeo no fundo do palco também ficou aquém, acho, da proposta do autor. As imagens mostravam cenas captadas do esporte em ambientes externos. A música demonstrou velocidade quando se queria dar velocidade ao espetáculo e contemplação quando os bailarinos analisavam os movimentos antes de executá-los.
E falando em ambiente externo, a brincadeira no palco pareceu mais uma feira moderna devido a semelhança entre a estrutura e as barracas de mercados populares instalados em galpões e prédios. Talvez a complexidade de retratar melhor o cenário urbano onde se pratica o parkour devesse ser avaliada numa futura montagem do espetáculo.
A interatividade com a platéia ao final do espetáculo foi o ponto alto ao desfazer o meu preconceito contra a bailarina acima do peso, pois os integrantes convidaram várias pessoas, de crianças a adultos, atletas ou sedentários, para brincar um pouco no palco. Essa ludicidade partilhada com o público fechou com chave de ouro a apresentação "Parcours". Um público grande, que veio mostrar que a Campanha de Popularização do Teatro e Dança faz sua parte ao disponibilizar às pessoas espetáculos por preços populares.
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