sábado, 19 de julho de 2008

Eleições: cobertura democrática?

É incrível a displicência com que alguns comentaristas e jornalistas alfinetam a necessidade de se mudar o modo de condução da cobertura para cargos executivos. Outro dia na rádio CBN, um sujeito - no alto de sua experiência anti-democrática - afirmou que um candidato com 2% de intenções de voto não deveria ser entrevistado por força da Lei Eleitoral. Na opinião dele, só os primeiros colocados das pesquisas deveriam ser entrevistados. Agora, o que uma pesquisa tem a ver com eleição? Nada. Uma pesquisa em período eleitoral não quer dizer nada, porque trabalha com um espectro muito pequeno de eleitores ou, melhor, de supostos eleitores.

Já fui abordado nessas enquetes e tenho duas impressões: 1) são totalmente conduzidas de forma a manter o status quo da política; 2) são divulgadas de acordo com interesse de quem as paga. Em Goiás, um candidato chegou a ser indicado como favorito por mais de 80% de votos e perdeu. Porque na hora das urnas não é uma pesquisa que vota, são os eleitores. E só os eleitores que se dispõem a votar, não qualquer um que é abordado na rua e que no dia D vai só justificar sua ausência pois não reside no município em que está registrado seu título de eleitor.

Voltando à democracia dos meios de comunicação, seria muito melhor que houvessem mais candidatos nas eleições para que pudéssemos escolher um dentre várias correntes de pensamento, de ideologias. Da forma como está, tudo tá tão parecido, tão padronizado quanto à grade de programação de uma emissora de televisão, quanto ao espelho de um programa jornalístico. O eleitor deve ser informado que uma coligação de 10 partidos - ou mais - de diferentes origens e matizes tem que explicar como ela pretender governar. Ou a união é feita apenas para aumentar o tempo de exposição de um candidato no horário eleitoral? De que forma essa coligação se dará na distribuição de cargos? É só isso? Busca de cargos ou há um projeto de administração, de governo?

São perguntas que não ouço de comentaristas políticos, de jornalistas ditos imparciais. O que vejo é um pensamento único no sentido de se reduzir as opções de escolhas, seja de candidatos, seja de partidos. Talvez o caminho da democracia fosse mais claro se houvesse tantos jornais, emissoras de rádio e televisão, quanto o número de partidos em atividade no Brasil. Só assim para podermos entender as diversas "políticas" do país.

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