Tive vontade de escrever este comentário de hoje após ler o exemplar de assinante, que sou, desta revista do Grupo Abril. Na sua última página, há um espaço chamado SetePerguntas em que a revista expõe as tais sete perguntas. Desta vez escolheram o ministro da Educação, Fernando Haddad, que discorre sobre as mudanças no Sistema S (Sesi, Sesc, Senai, Senac). A quarta pergunta do questionário traz à tona todo aquele preconceito característico do PIG contra Lula: "Nos anos 60, o presidente Lula não completou o ensino básico. Depois, acabou fazendo um curso profissionalizante de torneiro mecânico. Pelas regras atuais, ele ficaria de fora do Senai?".
Não vou reescrever aqui o que o ministro falou. Vou anunciar minha intenção de não renovar a assinatura desta revista quando findar o prazo. Já comuniquei ao serviço de assinantes que não renovaria outra assinatura, da revista Você S/A, da qual tenho mais uma edição a receber. No caso da Exame, ainda tenho direito a mais alguns exemplares, alguns meses de leitura. Há dois anos que, por meio de incentivo da empresa em que trabalho, assino essas duas publicações. Chega uma hora em que devemos tomar vergonha na cara. Chegou. Não sei ao certo de que forma utilizarei este incentivo - talvez compre livros -, mas é certo que não financiarei nenhuma publicação do Grupo Abril. Dá nojo!
Durante estes dois anos já havia recusado várias propostas de assinatura da Veja. Tenho lá meus defeitos, mas ser leitor da Veja não é um deles. Via uma distância entre Exame e Você S/A da palhaçada promovida pela Veja, mas nos últimos tempos comecei a ficar ofendido com os rumos de algumas matérias: apoio ao ruralistas argentinos na desestabilização do governo de Cristina Kirchner, as matérias preconceituosas contra Hugo Chávez, os comentários do colunista JR Guzzo. A manchete de SetePerguntas ("Lula teria de voltar à escola"), mesmo baseada em algo que o ministro falou, foi usada inapropriadamente, demonstrando desprezo pela origem do presidente e desprezo pelo presente de Lula.
Uma carta, publicada na Você S/A, demonstra uma insatisfação pontual: "A reportagem (...) fala que o sertanejo não sai de moda em Goiânia. É um absurdo, ninguém aqui se veste assim. Essas divulgações fantasiosas fazem com que as pessoas pensem que Goiânia é uma grande roça, cheia de caubóis." O preconceito, novamente, retratado em suas páginas não traz um pedido de desculpas, uma explicação da redação. Acho que deveria ter sido publicada uma resposta a esta carta, pois o conteúdo publicado na edição contestada foi esse: "Em Goiânia, o sertanejo não sai de moda. Em bares e boates, pessoas se vestem a rigor, de chapéu, bota, fivela, ao som de música caipira." Não sei que boates o repórter freqüentou, para descrever assim os adeptos das baladas na capital goiana.
O presidente atingiu um nível de conhecimentos, de experiências, que o gabaritam a alçar vôos maiores, que vão além do seu cargo atual. Não teria ele motivos para voltar à escola hoje para formar-se torneiro mecânico. Seria como avaliar que a jornalista "responsável" pelo questionário tivesse que voltasse aos bancos de faculdade para estudar outro curso, pois - supondo-se - acabasse a obrigatoriedade de diploma para exercer sua função.
Os veículos de comunicação devem repensar suas linhas editoriais, se quiserem manter seus leitores. Atrever-se a brincar com a inteligência de assinantes pode não afetar seu caixa, pois não dependem de assinatura para sobreviver, porém na outra ponta de raciocínio não terão porque receber publicidade se não tiverem uma base consistente de leitores.
Não vou reescrever aqui o que o ministro falou. Vou anunciar minha intenção de não renovar a assinatura desta revista quando findar o prazo. Já comuniquei ao serviço de assinantes que não renovaria outra assinatura, da revista Você S/A, da qual tenho mais uma edição a receber. No caso da Exame, ainda tenho direito a mais alguns exemplares, alguns meses de leitura. Há dois anos que, por meio de incentivo da empresa em que trabalho, assino essas duas publicações. Chega uma hora em que devemos tomar vergonha na cara. Chegou. Não sei ao certo de que forma utilizarei este incentivo - talvez compre livros -, mas é certo que não financiarei nenhuma publicação do Grupo Abril. Dá nojo!
Durante estes dois anos já havia recusado várias propostas de assinatura da Veja. Tenho lá meus defeitos, mas ser leitor da Veja não é um deles. Via uma distância entre Exame e Você S/A da palhaçada promovida pela Veja, mas nos últimos tempos comecei a ficar ofendido com os rumos de algumas matérias: apoio ao ruralistas argentinos na desestabilização do governo de Cristina Kirchner, as matérias preconceituosas contra Hugo Chávez, os comentários do colunista JR Guzzo. A manchete de SetePerguntas ("Lula teria de voltar à escola"), mesmo baseada em algo que o ministro falou, foi usada inapropriadamente, demonstrando desprezo pela origem do presidente e desprezo pelo presente de Lula.
Uma carta, publicada na Você S/A, demonstra uma insatisfação pontual: "A reportagem (...) fala que o sertanejo não sai de moda em Goiânia. É um absurdo, ninguém aqui se veste assim. Essas divulgações fantasiosas fazem com que as pessoas pensem que Goiânia é uma grande roça, cheia de caubóis." O preconceito, novamente, retratado em suas páginas não traz um pedido de desculpas, uma explicação da redação. Acho que deveria ter sido publicada uma resposta a esta carta, pois o conteúdo publicado na edição contestada foi esse: "Em Goiânia, o sertanejo não sai de moda. Em bares e boates, pessoas se vestem a rigor, de chapéu, bota, fivela, ao som de música caipira." Não sei que boates o repórter freqüentou, para descrever assim os adeptos das baladas na capital goiana.
O presidente atingiu um nível de conhecimentos, de experiências, que o gabaritam a alçar vôos maiores, que vão além do seu cargo atual. Não teria ele motivos para voltar à escola hoje para formar-se torneiro mecânico. Seria como avaliar que a jornalista "responsável" pelo questionário tivesse que voltasse aos bancos de faculdade para estudar outro curso, pois - supondo-se - acabasse a obrigatoriedade de diploma para exercer sua função.
Os veículos de comunicação devem repensar suas linhas editoriais, se quiserem manter seus leitores. Atrever-se a brincar com a inteligência de assinantes pode não afetar seu caixa, pois não dependem de assinatura para sobreviver, porém na outra ponta de raciocínio não terão porque receber publicidade se não tiverem uma base consistente de leitores.
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