terça-feira, 18 de novembro de 2008

A nossa crise de cada dia

Joelmir Beting afirmou que nos últimos três anos o crescimento do setor automobilístico ultrapassou os 100%, com média de 30% ao ano. Leio na revista Exame que três montadoras norte-americanas correm risco de falência. Bancos batem lucros recordes. O mercado financeiro pune os investidores sem explicação digna de análise. Só falam da crise. Os lucros de empresas como Petrobras e Vale não refletem nos preços das ações, que despencaram para infelicidade de muitos e para alegria de poucos, que agora aumentam suas participações nestas empresas comprando ações por metade do que valiam um ano atrás. O dinheiro sumiu do mercado, dizem. Linhas de crédito governamental surgem para cobrir os "buracos da economia" privada. O prejuízo é distribuído. Os lucros, não.

No mundo dos pequenos

No programa do Gugu, ele submete toda semana um representante do povo a jogos em troca de pagamento de dívidas. O eleito, no entanto, tem que participar de uma brincadeira ridícula e, muitas vezes, passar pelo maior vexame. No programa Caldeirão do Hulk, o apresentador faz o mesmo em quadros de reforma de casas e automóveis. Não basta a pessoa ser sorteada, pra ganhar o prêmio tem que rodar bolsinha. A exploração midiática é tamanha que o espetáculo compensa pessoas com prêmios que no mundo real não precisariam ser distribuídos dessa forma. Cada um deveria ter a chance de reformar seu imóvel ou, até mesmo, comprá-lo.

O Governo cria linhas de financiamento para pessoas de renda baixa, porém imóveis que custaram 40 mil são vendidos a investidores por 70 mil, 100 mil, 120 mil. Não se financia para morador. O financiamento é para investidores que vão explorar trabalhadores por meio de aluguéis. A periferia das cidades cresce, afastando trabalhadores dos centros, ao mesmo tempo que imóveis vagos aumentam nas regiões centrais. A política do capital não tem contrapartida social. Os lucros não são repartidos, apenas os prejuízos.

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