quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Ontem não foi dia de Leandro Amaral

Minha jornada começou na linha 504 (Santa Rosa/Aparecida/São Luís). Já na hora de entrar no ônibus tremi nas bases. Uma galera atleticana amontoada na parte da frente do ônibus. Meu manto sagrado, por via das dúvidas, estava bem agasalhado debaixo de uma blusa de frio. Já apanhei da torcida do Vila Nova, em Goiânia. Não queria estrear uma surra de atleticano. Tranqüilo. Encontrei outro vascaíno no ônibus, sem trajes. Discutimos a situação do clube durante um bom tempo na praça do bairro Santa Rosa e rumamos para o Mineirão.

No caminho, a "galera" tensa, uns pendurados nas janelas, sempre olhando para trás. Polícia era sinal de que tinham de se recolher e voltar a serem passageiros normais. Ao entrarmos na Abrahão Caran um policial apontou uma arma na direção de um dos torcedores pingentes. Novamente ele se recolheu. Alguns brincaram em ritmo de "matrix" movendo-se em câmara lenta para evitar um virtual balaço. Descemos na metade da avenida, pois o trânsito, quanto mais se aproximava do estádio, menos avançava. Quando desci do coletivo já não via mais o outro vascaíno.

Nunca vi uma vitória do Vasco ao vivo. O outro vascaíno ainda não vira um gol sequer em sua curta temporada em BH. Fui. Tinha minhas obrigações de torcedor. O time corre risco de cair para a segunda divisão. Apoiei a eleição de Roberto Dinamite e ele não merece um presente de grego deixado pelo dirigente passado. Portão 2. Paguei mais caro, apesar da alardeada promoção do ingresso. Paguei bem caro. No dia que fui comprar o ingresso na Olegário Maciel, tomei uma baita chuva. Hora do almoço. Tive que comprar uma camisa para voltar ao trabalho dignamente e não pegar um resfriado. Dez reais o ingresso, quinze a camisa.

Cheguei ao Mineirão. Dei a volta no sentido horário quando deveria seguir no sentido anti-horário. 12, 10, 8, 7, 6, 5... portão 2. Vascaínos de todos os tipos, de várias idades, com sotaque carioca, mineiro, nordestino, nortista. Entrei. Não entendo essa divisão do Mineirão. No Serra Dourada, em Goiás, você compra geral, arquibancada e cadeira. Pode circular na arquibancada e na geral. Os malandros compram da geral mas sobem para a arquibancada numa braçada. Tem cadeira no Mineirão. Simbólico. Todo mundo fica de pé o tempo todo. O hino é cantado. Adaptação de Ana Júlia lembra o amor ao Vasco da Gama. Cânticos portenhos em português também inundam o ambiente. Quem leva o ritmo quase não vê o jogo. Parece uma arte. Volta e meia quem leva os cânticos olha de soslaio para ver um lance.

O Atlético avança sobre o Vasco e arremata o jogo. Não vou entrar em detalhes atleticanos. O foco é na atuação dos vascaínos. O gigante Madson é o homem do Vasco. Edmundo parece um leão enjaulado. Leandro Amaral é um ser apagado. Do meu lado, durante todo o jogo, um senhor me diz: "Hoje não é dia do Leandro Amaral". Não era. Perdeu até pênalti. A zaga se mostrou fraca. Wagner Diniz sofria a cobrança de Edmundo. Gols perdidos à frente. Pênaltis cometidos atrás. O goleiro Rafael não teve culpa nos gols sofridos. Madson fez o gol de honra. Vasco 1. Atlético 4. Voltei para casa no gás. Caminhei toda a Abrahão Caran. Corri uns trechos da Magalhães Penido e subi até o Jaraguá. Cinqüenta minutos, já estava em casa. Rouco. Torcedor tem que voltar rouco do estádio.

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