sábado, 28 de agosto de 2010

Quebra de sigilo ou Quebra de decoro

Outra vez, em meio ao período eleitoral, vemos os meios de comunicação inundados e chafurdados em matérias pseudo-investigativas sobre quebras de sigilo. Meros instrumentos da política de oposição, tais meios de comunicação (jornais, revistas, rádios e televisões) repercutem acusações sem provas sobre uma suposta quebra de sigilo na Receita Federal. Felizmente, não foram publicados, dessa vez, resumos de declarações de imposto de renda. O que pode ser visto também como mero fogo de palha da oposição partidária e jornalística - a presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) declarou-se oposição recentemente -, pois em outros momentos, tais documentos ilustrariam muito bem as capas de revistas semanais.

Imaginemos, no entanto, que tais incursões no âmbito administrativo da Receita Federal se devam a investigações sobre transferências ilegais de recursos ao exterior, se devam a investigações sobre sonegação de imposto de renda, se devam, em resumo, ao serviço específico de investigação normal da própria Receita Federal. Só políticos do PSDB ou do DEM (ex-PFL) mereceram a investigação? Ou somente seus nomes foram divulgados por um funcionário infiltrado na Receita Federal a serviço desses dois partidos?

A imprensa diz que um certo número de políticos do PSDB teve suas declarações de imposto de renda devassadas por uma funcionária da Receita Federal com a utilização da senha de outra funcionária. Imagino que o termo "devassadas" deveria ser melhor emiuçado pela imprensa. A pesquisa ocorreu internamente na Receita e não se sabe até o momento que frutos tal pesquisa rendeu. Porém sabemos, por exemplo, que outro funcionário da própria Receita quebrou o sigilo de acesso de dados da instituição ao repassar a jornais e revistas os horários de consulta em aplicativos internos da Receita.

Tal funcionário, ou funcionária, como mero instrumento de uma luta política e de informação, desrespeitou o código de ética da instituição em que trabalha ao fornecer tais subsídios para uma acusação em âmbito externo de seu local de trabalho. Claro, em se tratando de "fontes", a imprensa sabe muito bem manter o sigilo, para não queimar um funcionário(a) que pode render novas matérias, atuando de forma ilícita em sua empresa. Novamente, vemos a imprensa agindo no modo "se colar, colou" durante uma eleição, tentando mudar o cenário político eleitoral. Mais uma vez, vemos a imprensa dar com os burros n'água.

Como essa "imprensa" aí não vive de leitores, mas de formadores de opinião, tais estratégias editoriais têm afastado mais e mais os cidadãos do hábito de ler. Como empresas capitalistas, jornais, rádios, revistas e televisões se submetem às leis de mercado e buscam interferir no jogo político em favor deste ou daquele candidato. Tudo isso sem a preocupação de auferir recursos com assinaturas e compras em bancas. As empresas pagam para a sobrevivência dos meios de comunicação. Em troca, recebem menos leitores, menos audiência. Isso é preocupante, mas esses "jogadores" devem saber o que fazem.

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