quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Espaço Público para Publicidade Privada

Eleições poluentes. Em matéria da Globo Minas, na data de ontem, a reportagem mostrou o descaso dos candidatos que ultrapassam os limites da Lei Eleitoral, deixando cavaletes expostos fora do horário permitido. Segundo o jornal, tal expediente é permitido entre as seis horas da manhã e as dez horas da noite. No entanto, muitos políticos deixam os cavaletes de propaganda por toda a noite e alguns profissionais pagos somente desarmam os cavaletes e deixam no chão. Vias públicas tornam-se imensos painéis de publicidade. Avenidas como Antonio Carlos, Cristiano Machado, Afonso Pena e, na região do Jaraguá, as avenidas Izabel Bueno e Sebastião de Brito expõem o que de pior existe em gastos de campanha.


Não vemos propostas sérias e candidatos preocupados com a política de verdade. Um batalhão de pessoas humildes sendo usadas para distribuir panfletos sem informações ou compromissos de campanha. Uma batalhão de miseráveis pagos para estampar fotos de candidatos que não os representam. Boas lembranças eu tenho do tempo em que militantes faziam campanha por amor ao partido, por ideologia, sem o viés monetário. Hoje, até o PT paga "militantes" profissionais para abanar bandeiras, para poluir as ruas com "santinhos".


A invasão chega até por telefone. Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) já "falaram" comigo por telefone em mensagens gravadas. Leonardo Quintão (PMDB), no entanto, agiu de forma mais comprometida, pois recebi uma ligação de uma funcionária de sua equipe de campanha que me perguntou no que eu esperava mais investimentos - saúde, educação, segurança etc. -, e depois de me ouvir contou um breve resumo sobre o candidato de modo educado e sem forçar a barra para votar nele e perguntou se eu já tinha candidato a deputado. Uma atitude mais pessoal que, penso, deve render muitos votos ao candidato, muito embora eu não vá votar nele, como já expus aqui anteriormente ao indicar meus candidatos.


As campanhas deveriam ser financiadas com dinheiro público apenas, o que evitaria a prospecção de negócios por meio de patrocínios privados de candidatos. A diferença das campanhas é gritante e, até, antidemocrática, pois envolve um diferencial muito grande em volume de dinheiro. De diversas origens, lícitas e ilícitas, candidatos tem o caminho aberto para mandatos nada representativos democraticamente falando. Abuso de poder econômico é o gasto desproporcional com as remunerações futuras advindas com os mandatos. Como justificar uma renda milionária de um deputado após quatro anos de mandato? E de senadores após oito anos de mandato? Só por meio do toma lá, dá cá é possível isso.


Muitos candidatos que hoje são patrocinados por construtoras, incorporadoras e imobiliárias, por exemplo, legislarão no futuro em favor desse segmento. Isso também ocorre no setor de serviços, no setor financeiro, no setor de consumo. Alguns futuros deputados e senadores - sem falar em presidente ou governadores -, em função desse compromisso monetário anterior ao pleito, sentirão invariavelmente que é justo o "apoiador" cobrar um benefício por meio de uma lei que isente a empresa do patrocinador de impostos, que redefina as leis de zoneamento urbano, de tributos e de distribuição de emendas. Eleitor, não perca tempo com candidato sujão, pois quem tem ficha limpa e suja calçadas e muros está recebendo muito dinheiro para ser eleito com o seu voto e representar outros interesses.

Nenhum comentário: