sábado, 18 de setembro de 2010

Aécio e Itamar: feitos um para o outro?

Curiosa aliança essa de Aécio Neves (PSDB) e Itamar Franco (PPS?) em Minas Gerais. A dupla forma chapa para o Senado, com campanha de tom emotivo, diálogo forçado e clamando os mineiros para votar não apenas em Aécio, mas no Itamar também. Coisa estranha essa aliança. Depois de ouvir o presidente do PSDB, Ségio Guerra, afirmar em rede nacional pela Band que os tucanos não estão escondendo Fernando Henrique Cardoso da campanha, vemos um programa eleitoral com Aécio e Itamar de mãos dadas. Itamar, que todos conhecem, ex-vice-presidente de Collor, ex-presidente pós-Collor, ingênuo que entregou a sucessão e o méritos pelo Plano Real a FHC, crítico de FHC quando declarou a moratória mineira. Este mesmo Itamar, hoje, é alçado por Aécio e não vemos FHC na campanha do PSDB. Alguém está mentindo, Guerra.

Acho muito corajoso da parte de Aécio referendar o voto em Itamar, o volúvel. Representando um partido altamente suspeito na histórica política brasileira, o PPS de ex-comunistas tão ou mais neoliberais que alguns neoliberais, Itamar pode estar hoje aqui e amanhã ali, como o vento. Aliás, nessas horas, eu vejo com tristeza outro candidato a senador. Trata-se de Fernando Pimentel (PT), o sujeito que dividiu o PT em Minas ao fazer a cama para Aécio Neves deitar. Pimentel, na última eleição municipal, fez algo surpreendente, abdicou do poder. Costurou com Aécio a eleição de Márcio Lacerda (PSB?) à Prefeitura de Belo Horizonte, pensando em unir petistas e tucanos. Hoje, Pimentel prega que seria o senador dos mineiros, não do PT, e depois pregaria que seria o senador do Lula.

Quem acredita na política nesses tempos de alianças vulgares e falta de ideologia? O PT, por exemplo, em Goiás, durante muito tempo foi rival do PMDB. Depois que surgiram os tucanos em Goiás, o PT virou satélite do PMDB e, hoje, sem mais nem menos, não representa nada mais que alguns votos na capital, Goiânia, e em Anápolis. Talvez um ou outro município menor. Eu já escrevi, de forma bem-humorada, que Minas teria um partido único: o Partido Único Mineiro (PUM). E Aécio e Itamar e Pimentel demonstram bem isso. Mineiros, acima de tudo e abaixo de tudo.

Por que meti Goiás neste texto? Porque fazia tempo que não escrevia sobre o lugar em que morei por quinze anos. No outro lugar que também morei por quinze anos - e nasci -, o Pará, a situação política é um vexame. Imagine que um Estado como aquele gera tanta insatisfação que dois terços gostariam de se emancipar, criar outros dois Estados - Carajás e Tapajós -, e que a figura política mais importante seja Jader Barbalho (PMDB), o qual foi "diagnosticado" inelelegível ao Senado e, no entanto, forjou um arranjo político no qual deve ganhar o Estado novamente caso vença o PT, de um lado, ou o PSDB, de outro. Ana Júlia Carepa (PT) e Simão Jatene (PSDB) são meros figurantes.

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