sábado, 30 de outubro de 2010

Sobre o sindicalismo bancário em 2010

Mantive este blogue afastado deste assunto por muito tempo. Neste mês de outubro, novamente, acabou mais uma greve dos bancários. Poderíamos chamá-la de "Breve dos Bancários", pois foram apenas 15 dias e, entre mortos e feridos, salvou-se a campanha de Dilma Rousseff. A campanha salarial dos bancários foi, mais uma vez, centralizada e verticalizada pelo Comando Nacional de Greve, orientado pela CONTRAF/CUT. Nada, ou muito pouco do que foi discutido na pré-campanha, foi levado adiante pelos dirigentes sindicais, apesar do "oba-oba" das últimas publicações dos sindicatos vinculados a esta Confederação.

"Maior greve da história" e "Maior PLR" foram algumas das expressões utilizadas pelos órgãos de imprensa dos sindicatos da categoria. No entanto, levaram em consideração o número de agências e não o número de profissionais realmente parados. Alguns colegas do Sul avaliam que apenas 30% do total de bancários participou da greve.

Quanto à "maior PLR", sou testemunha e vítima de que não é verdade essa afirmação. Cerca de 636 auxiliares administrativos do Banco do Brasil, por exemplo, foram prejudicados pelo Acordo PLR 2010/2011 assinado entre os dirigentes sindicais e a instituição. Apesar de se tratar de um cargo comissionado, com jornada de trabalho superior a de funcionários não comissionados, os auxiliares administrativos receberam uma participação nos lucros e resultados inferior a de caixas executivos, função que recebe uma gratificação ao invés de comissão e na qual trabalham cerca seis horas/dia.

Há mais de uma semana, o Sindicato dos Bancários de BH e Região estava ciente do erro e do prejuízo aos auxiliares administrativos do BB. Há mais de um mês, quando ainda nem havia começado a greve dos bancários, o Sindicato dos Bancários de Brasília estava ciente de que o cálculo de PLR para auxiliares administrativos há vários anos vinha sendo feito de forma incorreta. Apenas no semestre anterior, os auxiliares receberam PLR maior que dos caixas executivos. Nos demais semestres, a participação nos lucros e resultados sempre foram menores para os auxiliares.

Uma crítica que se pode fazer ao centralismo sindical é sua falta de representatividade. Nos moldes estruturais definidos pelos sindicatos "cutistas", não existe debate. As assembléias não levam muitos bancários e as vozes críticas e contrárias ao "modus operandi" são sobrespostas por apartes totalitários e obscenos. Uma forma de levar o debate para dentro dos sindicatos "cutistas" seria a alteração da distribuição de poder, mais condizente à representatividade. Hoje, funciona assim: ganhou, levou. Enquanto isso, assembléias jogadas às moscas vão instaurando administrações que não aceitam objeções.

Em alguns sindicatos, houve reivindicação de 24% de reajuste; noutros sindicatos, 20% e, até, 17%. Porém, o Comando Nacional de Greve chegou num percentual de 11%. Outra coisa que é bom salientar é que passado o Governo Lula, o PT e a CUT não fizeram um acerto com a História dos bancários, principalmente dos bancos públicos, ou seja, a reposição salarial do período FHC, um dos mais autoritários contra os trabalhadores. O que seria essa reposição salarial: 80%, 82%? E a jornada de trabalho legal para bancários: 6 horas/dia, 30 horas/semana? Não. Infelizmente, não fizeram o que reivindicavam quando eram oposição. Talvez eu volte ao assunto esta semana, mas não prometo. O tema me desgasta muito e do qual me afastei por causa de problemas de saúde.

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