segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Você já ouviu falar da BrOi?

Há muito tempo vem sendo arquitetado um plano de fusão da Brasil Telecom e Oi (Telemar), como forma de promover uma grande empresa de telecomunicação nacional. Depois das investidas do Grupo Telefónica e do mexicano Carlos Slim na concentração de empresas no setor, o Governo, por meio do BNDES, pretende "dar uma mão" aos nacionais La Fonte e Andrade Gutierrez para que a empreitada seja concretizada.

Porém, trantando-se de egos e muito dinheiro, a Oi-Telemar já avisou que se isso ocorrer não vai ser fusão e, sim, uma compra. Por ela ser maior que a Brasil Telecom, não se admite outro negócio. No meio desse imbroglio estão os famosos fundos de pensão das empresas do Governo Federal. Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa Econômica Federal) e Petros (Petrobras) são os fiéis da balança, assim como o banco de fomento ao desenvolvimento. Correndo por fora, Daniel Dantas, o homem que abocanhou pequenas participações na "privataria" de Fernando Henrique Cardoso, mas que representaram para ele poder de barganha e de dor de cabeça aos seus sócios.

Daniel Dantas ainda responde a uma ação nos Estados Unidos movida por outro sócio na Brasil Telecom, o Citibank. A confusão deu até nos anais da espionagem tupiniquim. A questão é que o Governo teme que todas as companhias de telecomunicação do país caiam nas mãos de estrangeiros e, por isso, pretende fortalecer uma companhia apenas, tornando a BrOi presente em todo o terriório nacional.

A questão que preocupa nesse tipo de negócio é que ele vire uma grande negociata com dinheiro público. A entrada do BNDES na "fusão" traria para o Governo mais participação na sociedade futura, mas a cifra inicial, de R$ 1,3 bilhão assusta. Valor que será disponibilizado ao La Fonte e Andrade Gutierrez para realizar tal negócio. Vale lembrar que esse grupo La Fonte pertence a Carlos Jereissati, irmão de Tasso Jereissati, um dos maiores críticos do Governo Lula. Financiar uma operação desse tamanho, às custas do Governo, para ajudar dois grupos privados é suspeito, principalmente porque o movimento na unificação de duas empresas trará mais concentração e diminuirá a concorrência no setor.

O tiro pode sair pela culatra, política e economicamente, visto que o consumidor, o cidadão, que é obrigado a pagar uma das maiores tarifas de telefone do planeta às empresas mais acionadas em órgão de defesa do consumidor, sequer é ouvido numa hora dessas.

Leituras importantes

De onde vem o dinheiro da "BrOi"

Os bastidores da operação Oi-BrT

Fusão Oi/BrT: o que está de fato em discussão

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