segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Literatura, Identidade, Verdade

Um pouco do que foi dito na mesa "Literatura, Identidade, Verdade" no Fórum das Letras, em Ouro Preto, no dia 13 de novembro. Participavam da mesa Adélia Prado e Edney Silvestre, com mediação de Lêda Nagle.


Adélia
"Escrevia a mão, escrevo a mão. Um desejo de ser pintora, de desenhar a letra."
"A vida doméstica é importante. Escrever não tem hora, até se ter o poema pronto. Quando está pronto, aí tem hora para escrever. Aquilo se resolve como poema. Quando o poema está pronto."
"Todo autor, sem a convicção de que o texto está bom, não publica. Você pode ir para o inferno se não acredita no que está escrevendo."
Edney
"Seis anos. Depois de três anos, parei."
"'Os mortos não ficam onde estão enterrados', essa frase lida de um livro despertou o ato de voltar a escrever o livro (Se eu fechar os olhos agora)."
Adélia
"Pacata senhora mineira, esposa de funcionário do Banco do Brasil..."
"Desconforto."
"Fidelidade ao ato de escrever. Nós temos só o cotidiano."
Sobre entrevista de Guimarães Rosa: "Literatura é vida, expressão dos afetos, paixões boas, paixões más, isso é o cotidiano."
Lêda
"O avental todo sujo de ovo..."
Adélia
"É um péssimo verso."
"A literatura é a experiência humana aliada à transcendência. A transcendência não existe se não passar pela cozinha, pelo banheiro."
Sobre Van Gogh: "Humanização. O ser humano mais que botinas velhas e batatas."
"A arte é uma coisa horrível, que nasce de nós. O susto, a epifania, o tigre que salta atrás de você. A ficção é uma mentira para mostrar o real."
Edney
Citando Fernando Sabino: "Eu escrevo para saber por que eu escrevo."
"Perversões internas."
Adélia
"Não existe crer demais. Ou você crê, ou não crê."
Lêda
Alguma pergunta.
Adélia
"Cinco filhos."
Lêda
"Conversa de maluco."
Adélia
"Por que não sou eu o ladrão? Por que não sou eu que estou na solitária?"
"Eu sou o pai. O pai está em mim. A paixão. Ele se sente abandonado. A fé não os livrou do abandono."
"O apresentador de programa popularesco se exclui da condição humana."
"Contra o egoísmo radical."
"Toda pessoa que não nota isso está na infância da condição humana."
"Crimes do egoísmo e do amor. Todos cometem crimes não sangrentos."
"O 'ser superior' é humano e miserável."
"A beleza é de ordem religiosa."
Cita Carlos Drummond na frente da Igreja de São Francisco. "São Francisco". "O descontrole da emoção. Cilada da beleza. Eu sou agnóstico."
"Todo pintor, todo escritor, fala uma vez 'eu não pinto mais, eu não escrevo mais' e isso é o orgulho, o pecado, de não ser Deus."
Tarde de Maio (nome de um poema), é sobre a beleza.
Lêda
Instigando Adélia sobre religião.
Adélia
"A igreja é feita de 'homens'."
"Sacramental."
"Procurar quem eu ofendi e não me confessar ao padre."
Sobre delegação: "Eu posso pegar na mão do meu namorado?, perguntava ao padre."
Drummond citado por Adélia: "Cansei de ser moderno, eu quero ser eterno."
Sobre televisão: "O pior não é tanto a 'coisa', mas a exploração dela. O espetáculo que não deixa a gente se horrorizar. É um espelho da nossa condição humana."
Antigo Testamento x Novo Testamento. Um Deus brutal e um Deus mais amável.
Sobre Jung: "Resposta a Jó".
"Deus me livre e guarde um Deus que a gente explica."
"Fé não tem nada a ver com intelectual."
Lêda
Comenta sobre a receita de pão de queijo da Adélia.
Adélia
"Eu não sei fazer pão de queijo. Eu faço um trivial bem bonzinho."
Sobre ser professora: "Eu trabalhava como um trabalhador braçal. Era um esforço dar aula."
"Aí eu arrumei um partidão que chegou e falou 'eu trabalho no Banco do Brasil e se você não quiser trabalhar' e eu parei de dar aulas."
Guiommar de Grammont comenta sobre o que Adélia falou de Van Gogh: "Heiddeger tratou isso em 'Sapatos de Van Gogh."

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